O quarto episódio da segunda temporada de The Last of Us trouxe uma das cenas mais chocantes da série até agora: Isaac, personagem interpretado por Jeffrey Wright, executa seus próprios colegas da FEDRA em uma emboscada que ele mesmo planejou. A sequência, apresentada em flashback, marca não apenas a introdução de um dos personagens mais sombrios da nova fase da série, mas também os primeiros passos da WLF (Washington Liberation Front).

Mas afinal, por que Isaac mata seus próprios soldados? A resposta está enraizada em uma combinação de desilusão, rebelião e o nascimento de um novo tipo de tirania.

Isaac rompe com a FEDRA em nome da resistência

Antes de se tornar o temido líder da WLF, Isaac era apenas mais um soldado da FEDRA. No entanto, diferente de muitos de seus colegas, ele não compartilha da ideologia autoritária da organização. Em um momento crucial dentro de um caminhão militar, ele ouve os companheiros zombando da população civil, referindo-se a eles como “eleitores” — um termo que ridiculariza a democracia perdida após o colapso da civilização.

Esse pequeno diálogo revela um sistema corrompido e desumano, que Isaac já não consegue mais tolerar. A emboscada, então, se torna seu ato de ruptura: ele assassina os demais soldados como um sinal claro de que mudou de lado, oferecendo sua lealdade a civis insurgentes que futuramente formariam a WLF.

O ciclo da violência: de oprimido a opressor

Apesar da brutalidade do ato, a série não o apresenta como vilão naquele momento — pelo contrário, The Last of Us mostra Isaac como alguém tentando escapar de um regime opressor. Mas essa tentativa de revolução logo se transforma em outra forma de tirania.

Isaac poupa apenas um soldado jovem, alguém que aparenta não estar completamente corrompido. Ele enxerga nele uma chance de quebrar o ciclo, de salvar alguém da influência destrutiva da FEDRA. Porém, ao longo dos anos, esse jovem aparece torturando um Serafita ao lado de Isaac, demonstrando prazer no sofrimento alheio.

Essa virada simboliza uma das mensagens centrais da série: os fins justificam os meios podem corroer até as melhores intenções. A violência se perpetua mesmo quando os líderes mudam, e Isaac se torna o que mais temia — um opressor.

Isaac e a fundação da WLF: esperança ou desilusão?

Após os eventos do flashback, Isaac se une aos rebeldes e, em pouco mais de uma década, se torna o líder supremo da WLF, facção que derrota a FEDRA e passa a controlar Seattle. O que poderia ter sido uma nova era de justiça, rapidamente se transforma em um regime militarizado e implacável, marcado por torturas, perseguições e guerra total contra os Serafitas.

A transição de Isaac — de soldado rebelde a tirano — aprofunda os temas que The Last of Us vem construindo desde sua estreia: a degradação moral em tempos de guerra, o impacto da violência e a fragilidade da esperança em um mundo arruinado.

Assim como Ellie e Abby, Isaac é produto de um mundo brutal, onde sobrevivência, lealdade e vingança se misturam perigosamente. Sua história é um lembrete de que, nesse universo, não existem heróis ou vilões absolutos — apenas pessoas tentando sobreviver com o que restou de sua humanidade.

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